Procuro meus dias nas minhas noites
inacabadas. Nos cantos da casa, nas
caixas de papelão amassadas. Nos
ocasos e alvoradas do lustre da sala.
Recebo meus dias em imagens soturnas,
deformações noturnas nos sonhos diários,
e quase sempre diurnos. Procuro na noite
a nau da tarde perdida, e sorrio pra lua.
Me movo como o peão no xadrez, esgueirando
sempre avante, vislumbrando a diagonal e
um final que me faria forte. Mas sempre chego
nesses longos corredores de paredes ocas,
procurando os dias em vigilantes noitadas,
e só os acho em poemas: nos viveiros das mágoas.
Vieira Hartmann
Quem sou eu
quinta-feira, 23 de abril de 2009
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Moça da bolsa
Segue numa estrada curvilínea: onde
sempre me é apresentado novos
horizontes. Canso de pensar quando
vai acabar o que tanto me cansa!
Olha na calçada: pés de moça que
brincam de escorregar o meio fio,
decidindo se a margem pode não
ser tocada. Mantenho-me,
digno-me apenas a olhar para a
sinalização: Verde! escorrega
o pé e desliza a mão na bolsa.
Perde o ônibus, solta a bolsa, se
perde entre beijos, e se encontra: na vã
esperança de uma estrada em linha reta.
Vieira Hartmann
sempre me é apresentado novos
horizontes. Canso de pensar quando
vai acabar o que tanto me cansa!
Olha na calçada: pés de moça que
brincam de escorregar o meio fio,
decidindo se a margem pode não
ser tocada. Mantenho-me,
digno-me apenas a olhar para a
sinalização: Verde! escorrega
o pé e desliza a mão na bolsa.
Perde o ônibus, solta a bolsa, se
perde entre beijos, e se encontra: na vã
esperança de uma estrada em linha reta.
Vieira Hartmann
Gélida, impávida, disforme!
Acordo com uma lembrança falsa
de um atordoante sonho
quente, formatado e coerente.
Faz lembrar-me dos custos
maiores, e sempre maiores, que os lucros
dos cacos que fui,
e que sempre serei
medroso, insone, indiferente,
e agoniado pela eterna espera
De um adeus inesperado.
Vieira Hartmann
de um atordoante sonho
quente, formatado e coerente.
Faz lembrar-me dos custos
maiores, e sempre maiores, que os lucros
dos cacos que fui,
e que sempre serei
medroso, insone, indiferente,
e agoniado pela eterna espera
De um adeus inesperado.
Vieira Hartmann
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Boas Vindas
Quando curvam-se aos pés de falsas majestades,
quando o átrio, que não passa de um quarto
um pouco mais arrumado, está cheio de falsa
solenidade, é que enxergo minha falta de coerência.
Emprego minhas palavras por pena, meu desenho
disforme é qualquer sentimento alheio a ela, minha
falsa inspiração é minha falta de bom senso,
meu ombro amigo, meu pescoço impede a cabeça tocar.
Mesmo assim luto bravamente contra meus
invisíveis inimigos, caminho na contramão de um
horizonte claro, fingindo reger do escuro a multidão.
Brindo ao desagradável para agradar quem brinda.
Atrás de mim, minha casa continua a desmoronar
enquanto, insistentemente, eu varro o tapete de boas vindas.
Vieira Hartmann
quando o átrio, que não passa de um quarto
um pouco mais arrumado, está cheio de falsa
solenidade, é que enxergo minha falta de coerência.
Emprego minhas palavras por pena, meu desenho
disforme é qualquer sentimento alheio a ela, minha
falsa inspiração é minha falta de bom senso,
meu ombro amigo, meu pescoço impede a cabeça tocar.
Mesmo assim luto bravamente contra meus
invisíveis inimigos, caminho na contramão de um
horizonte claro, fingindo reger do escuro a multidão.
Brindo ao desagradável para agradar quem brinda.
Atrás de mim, minha casa continua a desmoronar
enquanto, insistentemente, eu varro o tapete de boas vindas.
Vieira Hartmann
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