sábado, 12 de março de 2011

O eco reverbera suas minhas orações, voz que atenua
o que gravo nas minhas suas anotações. Vã ilusão sua
minha opção, de ficar sobre nossos alheios patamares,
de sujar limpar o chão da chuva de outros lares.
Pois é mesmo necessário descartável risos de cobrança
e lágrimas de distração sobre o que é minimamente
maximizado para chamar e expulsar toda nenhuma atenção.
Tire rápido suas palavras que não tem das nossas bocas.
Ontem a minha sua farsa era preenchida por alegria engarrafada,
E hoje a poesia é tinta escorrida sobre palavras ocas.

Vieira Hartmann

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Dos movimentos imperceptíveis da areia

Em um quando nas horas, longe já hoje, por apertar os olhos demasiadamente forte, confundiu-se tons de cinza e azul enquanto não sentia cheiro de aurora. Passaram-se beijos ácidos, olhos multicoloridos e sentidos vagos. Tudo enquanto sentado em um carrossel de um parque abandonado. Ali, onde o tempo é imóvel enquanto gira somente o mundo ao seu redor. As cores? As cores não se reagruparam, mas enxerga vida em preto e branco onde um tema esquecido faz questão de atormentar. Os números mudaram, talvez o oceano também tenha mudado, o que de nada importa quando o carrossel só faz contornar a ilusão de um ponteiro inerte.


Vieira Hartmann

domingo, 25 de outubro de 2009

Tempo Fechado

A lembrança de uma lembrança esquecida
Que convém ser resgata,
Imprecisa e insegura,
É um momento sem tempo,
É curva impossível na linha sem reta.

O choro que treme antes da lágrima,
O momento ínfimo-infinito
Do som imediato da pausa:
A esperança de não ser pausa interrompida.

Vieira Hartmann

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Outro poema sobre o comportamento do tempo

Foi-se o tempo dos lampejos,
Dos estalos sem som, foi-se
A tempo de causar feridas e
Saudade. Foram para longe as
Idéias não escritas, que já
Foram partes fundamentais e
Superiores da memória, como
Brisa foi despercebida para
Longe a tal inspiração. Foi,
Discreta e silenciosa, para
Nunca a inocência que cor
Dava ao turvo, foi-se o mês,
O ano, o dia e a hora, foram
Todos juntos com o tempo em
Que não havia tempo, e tudo
Agora.

Vieira Hartmann

sábado, 19 de setembro de 2009

Exemplo de como o tempo se comporta de formas diferentes para cada um

Ontem encontrei uma velha amiga
Que agora tinha sua personalidade
Modificada por uma tesoura, mas que
Ainda ambientava seus sonhos
No infinito. Conversamos bastante,
Ela me chamando por um velho
Nome que se perdeu na linha do tempo
Ou em alguma linha de minha
Carteira de identidade por
Entre a bagunça da minha
Carteira. Ria de lembranças
Enquanto fingia escutá-la,
Às vezes brincando de lembrar
Qual era a cor de seu cabelo
Na época, às vezes tentando
Descobrir o que havia de tão novo
Na sua dicção e no seu vocabulário.
Percebi que o mito do tempo não
Passa para todos, percebi que eu
Havia envelhecido mais, sendo
Ainda tão novo, até mais novo que
Ela, mas como não consigo
Enxergar infinito nem rejuvenescer,
Como não consigo mudar minha
Dicção nem o meu vocabulário,
Decidi me despedir dessa outra
Em que se transformou minha
Amiga, para se manter mais
Jovem, e finalmente pensei que
Talvez fosse eu o único velho
Amigo ali presente.

Vieira Hartmann
Se não tem títulos
Meus poemas de amor
É porque é só um
Todos os meu poemas de amor.
São as mesma palavras
Repetidas de um mesmo e só
Amor.
Amor que renasce, infla,
Gela, derrete, esquenta...
Seriam incompatíveis
Títulos se não há amores.
E seriam incompatíveis
Amores, já que não passo
De um único título.

Vieira Hartmann

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Se finjo que te amo,
É por que finjo ser teu?
Te amo mais por fingires que finge
Que desconfias do que não sabes,
Te amo por ser meu
O teu amor que não me deu,
Te amo por ser rasa
Qualquer explicação profunda
Do teu amor. Te amo com palavra
Corpo e solidão, e encharco minhas
Pálpebras com o curso do rio de teu
Ventre.

Ainda serás minha hoje a noite,
E no alvorecer do eternamente.

Vieira Hartmann