quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Longínqua Infância

trago à memória
todos os efeitos
dos feitos matutos
de minha infância
dos pinéis das esquinas
das carambolas
degustadas quase
nos topos de suas árvores
lembro
lembro do pão na padaria
e do troco que virava
polenguinhos e sonhos
ou nos sonhos ficavam
quando faltava no estoque
tiro da memória nada
nem as cavadas para a búlica
nem as embaixadas frustradas
as vezes o oceano de minhas lembranças
traz com a maré o que eu menos espero
da voz de alguém odiado
aos vultos que ficam
no lugar dos rostos adorados
como a música da areia
(que lembro só porque ouvi semana passada)
algumas coisas até voltam
outras estarão sempre enterradas
lembro, mas não volto
me adianto
aprendi na minha infância que
quem pensa que o tempo volta
anda sempre atrasado

Vieira Hartmann

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